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Mostrando postagens de maio, 2020

Treme (1ª temporada, 2010)

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Em 2005 o furacão Katrina, o terceiro mais devastador a passar pelos Estados Unidos desde 1900, deixou 1.800 mortos ao longo de seu trajeto, além de causar um prejuízo de U$ 108 bilhões à economia do país. A passagem da tempestade deixou marcas profundas na cidade de New Orleans, no estado da Louisiana, marcas que ainda eram visíveis mesmo dez anos após a tragédia. A série Treme, lançada pelo HBO em 2010, conta a história dos moradores de Tremé, uma vizinhança de New Orleans cinco meses após o evento, que transformou a vida de todos.  Essa é uma daquelas séries aclamadas da HBO. Aqueles dramas longos, delicados, profundos, e tristes, mas que mostra como uma cultura se mantém erguida, mesmo com todas as condições forçando contra.  O drama acompanha alguns dos ilustres moradores de Tremé, e suas tentativas, cheia de percalços, de tocar a vida após a passagem do Katrina. Uns estão endividados, outros perderam suas casas, outros ainda estão a procura de parentes desaparecidos na

Jefferson Airplane - Long John Silver (1972)

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Nossa, ta sendo uma experiência atrás da outra reouvir discos antigos com o olhar de hoje. Escolhi dessa vez o Long John Silver, o último disco do Jefferson Airplane, revoltadíssimo e de saco cheio. Martin Balin já saiu fora do grupo, pois #semtempoirmão pra canções de amor aqui. As letras ficaram a cargo, majoritariamente, do Paul Kantner e da Grace Slick, mas todos dão seu gás aqui, e o resultado não foi outro: é tiro pra todo mundo! Os viajantes do Airplane resolveram cutucar todas as instituições possíveis nesse disco: do Estado à família, passando pela igreja, os amigos, e até os revolucionários modistas. As ironia é a "liga" das composições, e as coisas vão tão mal (em termos de planeta) que nem a liberdade aqui é vista como um fim benéfico ou ideal nesse momento. Inclusive, era a ideia distorcida de liberdade, discurso do liberal com base no medo da perda da tão preciosa individualidade (como se a tivéssemos), que provocava e ainda provoca todos os conflitos, e

Perfect Blue (1997)

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Talvez a maior curiosidade acerca do Perfect Blue seja a influência óbvia que a animação exerceu sobre alguns filmes do diretor Darren Aronofsky, como Cisne Negro (2010) e Requiém para um Sonho (2000), isso só pra citar os links mais descarados. A confusão mental mostrada aqui talvez pioneiramente (nesse formato) vai além, servindo de base pra uma gama de sucessos cult do cinema norte americano da virada do século XX para o XXI, como os queridinhos Clube da Luta (1999), Cidade dos Sonhos (2001), Ilha do Medo (2010) e, forçando aqui um pouco mais, até o thriller Amnésia (2000). Reparem que é só filmaço, de grandes diretores! Em Perfect Blue, o mundo da celebridade e a vaidade que o circunda colapsa, de alguma forma, a mente de todos que nele se veem presos dirata ou indiretamente. Em algumas pessoas mais, outras menos, o que vemos aqui é o uso do corpo em função da indústria do entretenimento e a ilusão que este cria, não só na cabeça de quem os consome, mas dos próprios "op

Ira! - Mudança de Comportamento (1985)

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Quem diria que o Mudança de Comportamento do Ira! seria o disco que eu me identificaria nesse 2020. E olha que só cheguei a ele por causa de um sonho que tive essa madrugada, em que o momento mais feliz foi um que interpretei comoo resgate da minha autoestima rs, enquanto a ação se desenvolvia, rolava a música Nucleo Base e eu cantava ela feliz andando na rua. Não obstante, quantos alívios eu senti ouvindo esse disco... é meus caros, o incosciente fala! Agora, alívios assim né... não é algo que eu concorde, ou sequer goste, mas que eu também sinto, e é bom ouvir isso de alguém. Por isso a gente gosta de arte né.  O Mudança de Comportamento é o primeiro disco do Ira!, de 1985. Eles são paulistas, acredito que de classe média alta/baixa, tem como contexto a transição do regime militar para a democracia em desenvolvimento, e o sentimento de confusão e falta de foco da vida urbana permeia toodas as letras da estreia desses caras. Eles estavam irados! A rebeldia intrínseca ao jove

O Pecado (Al Haram,1965)

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Al Haram, ou The Sin, ou, traduzindo, O Pecado (esse título em português é tradução minha, já que não achei versão brasileira), é o primeiro filme egípcio que vi (vi o Praça Tahir também, mas esse é documentário). Conheço zero coisas do cinema de lá, então tudo que vou dizer aqui é basicamente o que se verá em qualquer pesquisa básica por aí. É um drama clássico, está entre os dez melhores filmes egípicios segundo sei lá quem, mas o diretor, Henry Barakat, parece ser proeminente entre os cineastas egípicios, tendo dezenas de produções realizadas entre os anos 40 e os anos 80. Vou assistir outras para poder linkar ele ali na lista de diretores. (risos) Al Haram é um drama universal, que ganha peso por se passar numa sociedade patriarcalista/religiosa e meio fanática. Ao ver o filme, entretanto e com tristeza, não vi muita diferença entre o que acontece na trama e casos que vemos nos jornais diariamente aqui no Brasil de 2020. É um filme triste e muito real, cuja principal refl

Lacrimosa - Angst (1991)

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Angústia é o sentimento que define esse álbum. Outro título não o definiria tão bem.  Angst é o primeiro disco do, ainda one-man-band , Lacrimosa. Seu idealizador, o cantor, compositor, e multiinstrumentista Tilo Wolf, fez tudo nessa estreia, rechada de sentimentos angustiantes e desesperadores da primeira a última nota.  Com letras que "poemizam"sofrimentos profundos provocados por sentimentos como angústia, ansiedade, solidão, desespero, e o medo ante a iminência da morte, o disco marca o estilo gótico, de forma a tornar o Lacrimosa uma referência. O som passeia entre o darkwave oitentista, o rock industrial e eletrônico, e até música medieval e sacra com primazia. Tilo Wolf se mostraria, com o passar dos anos, um dos compositores/arranjadores/letristas mais significativos do rock, ainda que o público metal/rocker em geral torça o nariz por preconceito.  O som da banda, a partir daqui, iria sofrer diversas mutações, mas sempre mantendo o caráter sombrio e absurdame

Fear The Walking Dead (5ª temporada, 2019)

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save your horses! O momento de transição proposto na quarta temporada de FTWD segue durante a primeira metade da quinta. Os sobreviventes se firmam como grupo, e buscam algum motivo pra continuar sobrevivendo. Como a realidade não aponta possibilidades, a alternativa, apresentada por Morgan (Lennie James) que assume a liderança total a essa altura, é ajudar as pessoas  - aquele conceito de "a união faz a força", que é bem verdadeiro. É o sentimento de solidariedade que ligas as pessoas em sociedade, e as mantém unidas em direção a um fim comum, que mesmo antes do apocalipse zumbi, sempre foi a sobrevivência do grupo.  A ideia paz e amor do Morgan é aderida pelo grupo, que ao longo da temporada, vai crescendo, agregando novas pessoas, novos personagens recorrentes, até nosso pequeno e disperso núcleo se tornar um grande comboio nômade, que tem como comissão de frente nossos personagens centrais, seguindo em busca de um lugar para se assentar. A missão da primeira p

Briarpatch (1ª temporada, 2019)

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Não há muito "óóóó, incrível" a respeito dessa série. É uma trama policial, de investigação, e só resolvi falar dela aqui porque gostei bastante. Tem estilo, é classuda, um bom entretenimento, leve, e que não deixa de retratar algo dos dias de hoje. A trama conta a história da assessora (de político) Allegra Dill (Rosario Dawson), que retorna para sua cidade natal (San Bonifacio, Texas) depois de muitos anos para enterrar sua irmã, Felicity, policial assassinada em uma explosão. Allegra inicia uma investigação por conta própria, junto ao advogado e amigo da irmã, AD Singe (Edi Gathegi), ed escobre uma série de tramas e corrupção que percorre todos os becos e estruturas daquela cidade semi esquecida pelo mundo.  O que mais gostei aqui foi o clima western moderno, a la Justified (que também qquero falar aqui um dia), porém de forma mais tarantinesca. Essa combinação rende uma ótima diversão. Entretem com alguma qualidade. A trilha sonora também remete aos filmes do Taran

O Perigoso Adeus (The Long Goodbye, 1973)

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The Long Goodbye é um filme noir estilo clássico. Um detetive jogado de paraquedas numa trama envolvendo um suicídio, dívidas, apostas, e uma femme fatale, sexy e suspeita, que o introduz nesse labirinto espinhento de corrupção ao qual nosso heroi até então nem suspeitava existir. Herói sim, pois ele é um cara gente boa. Um fracassado, como todos os detetives particulares desse tipo de trama. A cena inical em que ele sai de casa as 3h da manhã pra comprar a comida "especial' do gato e ainda pagar lanche pras vizinhas groupies, turminha paz e amor das mais superficiais, mostra a forma como ele é acostumado a ser tratado - uma "loser energy" envolve o personagem, como é de ser. Mas esses dias estao chegando ao fim hehe. Não há muito o que falar sobre esse filme sem dar spoiler. O próprio enredo já denunciaria os caminhos que a trama segue, e é muito interessante seguir essa trilha cheia de curvas. Nosso detetive, por mais 'loser'que seja, não se deixa enganar

The X-Files (1ª temporada, 1993)

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Arquivo X (X-Files), assim como um monte de séries dos anos 90, sofre daquele mal maravilhoso (nesse caso) de excesso de episódios, entre os quais a trama central, aqui, a mitologia alienígena, se perde.  Esse primeiro momento da série foca na contextualização do escritório dentro do FBI, a Polícia Federal dos EUA, a apresentação dos agentes, Fox Mulder (David Duchovny) e Dana Scully (Gillian Anderson), e outros personagens importantes e recorrentes. Um deles é o Garganta Profunda (Jerry Hardin). Até o momento não se compreende bem o papel dele. É alguém do alto escalão do governo (ninguém sabe o quão alto) que vaza estrategicamente informações sobre as apreensões alienígenas realizadas pelo governo estadunidense desde os anos 40, fortalecendo ainda mais a crença em Mulder de que o governo esconde uma "verdade" sobre extraterrestres. Ao longo da temporada, fica claro que o intuito do Garganta Profunda não é ajudar Mulder, mas controlá-lo, dando a ele apenas migalhas

Star Trek: DS9 (5ª temporada, 1996)

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É guerra! A quinta temporada de Deep Space 9 tem um dos melhores encerramentos de temporada, com a invasão do Domínion e dos cardassianos e a tomada da estação espacial no fenomenal episódio A Call to Arms.  Assim como todas as temporadas anteriores, o excesso de episódios e o ritmo e qualidade variável entre eles, torna difícil perceber a trama central com detalhes, pelo menos para mim. Mas há varios momentos marcantes nessa temporada Para mim, o destaque é a disputa entre o comandante Benjamin Sisko (Avery Brooks) com os maquis. Nessa temporada, fica cristalino a disputa de poder entre Sisko e os rebeldes, mostrando que a raiva do comandante da DS9 não tem nada a ver com algum crime cometido pelos dissidentes.  A Federação não é santa, compreendemos muito bem a vibe imperialista por trás dos acordos políticos que se travam entre ela e os governos dos planetas, mas no caso, a disputa no caso entre Sisko e Michael Eddington (Kenneth Marshall) é puramente pessoal, pelo fato deste t

Blows Against The Empire (Paul Kantner & Jefferson Starship, 1970)

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Nossa, levei pelo menos uns 12 anos pra conseguir ouvir esse disco. As vezes que tentei ouvir ele no passado, me soou completamente desconexo do Jefferson Airplane que eu tanto amava (mesmo ouvindo agora e ele me soando a cara dos últimos discos do JA, como o Bark e o Long John Silver). Aqui o Paul Kantner encabeça um experimento conceitual, idealista como sempre, no qual desfere diversos "golpes contra o império" música após música, seja especulando sociedades ideais, seja buscando refúgio no amor familiar, ou mesmo gritando contra o passado e em favor do futuro progressista, tecnológico, que, àquela altura, talvez só fosse possível vislumbrar em um outro planeta. Entre os destaques do disco, temos Mau Mau (Amerikon), um grito raivoso do Kantner contra o pensamento ultrapassado. Eu ouvindo aqui desse 2020 esquisitaço e desesperador postei imediatamente trechos da letra nas redes sociais, tamanha a atualidade de alguns trechos. Trata-se, antes, de uma celebração a contracul

Intrusos (Intruders, 1992)

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Esse é legal. É inspirado no livro "Intruders: The Incredible Visitations at Copley Woods" Budd Hopkins, e é, na verdade, uma minissérie de quatro horas de duração e reeditada como filme, lançado em 1992 (um ano depois estrearia o hoje saudoso Arquivo X). Eu ainda não li o livro (mas já tá baixado ali no drive), então vou falar do filme. É daqueles filmes que considero "sérios" sobre abdução por alienígenas. Acompanha a história de duas mulheres, que não tem contato entre si durante todo o filme, mas que parecem sofre do mesmo, como é interpretado até então, distúrbio psicológico. A narrativa é contada a partir do ponto de vista do psicólogo das duas (coincidentemente, é o mesmo profissional), que mergulha no mundo dos abduzidos e tem contato com um universo que não consegue compreender, tampouco explicar.  O filme conduz muito bem uma discussão em torno do conflito psicologia versus ufologia, ao considerar o desprezo com que os profissionais da ciência trata

The Walkind Dead (3ª temporada, 2012)

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A terceira temporada de Walking Dead (2012 - 2013) é das boas. Mais pelo desenvolvimento da "mitologia" da série que pela ação, zumbi, tripas, etc. Os efeitos do apocalipse zumbi vem mudando cada vez mais os vivos, transformando esperança em desespero, instinto de sobrevivência em alimento. Aqui, destaca-se a estreia do Governador (David Morrisey) na série, que lidera a cidade de Woodbury que vive, aparentemente, em paz, mas onde há pouca liberdade de ir e vir. A cidade vive uma liberdade vigiada, onde o tal governador exerce livremente o seu poder e dominação à sua maneira. Como não falta nada para a população em termos de alimento e segurança material, todos o apoiam e o veem como líder.  Segue incompreenssível no decorrer da temporada o porque da rixa dele com o núcleo principal (Rick  Grimes (Andrew Lincoln) e o grupo, que se estabeleceram em uma prisão abandonada após a queda da fazenda de Hershel Greene (Scott Wilson)), pois não faz o menor sentido e eu não sei s

Halloween III: A Noite das Bruxas (Halloween III, 1982)

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Após a morte de Michael Myers no classicaço precursor slasher (parece tão errado ser fã desses filmes com a cabeça que tenho hoje) Halloween 2, de 1980, os produtores John Carpenter e Debra Hill, pensando em manter a franquia mas sem desrespeitar a história original, pensaram em lançar novos filmes com histórias independentes entre si. É nesse contexto que nasce o bonzão Halloween III, de 1982. Acontece que o filme foi rejeitado pelos fãs da série, e continua sendo até hoje, por fugir completamente do contexto da família Strode. Eu mesmo rejeitei e assisti esse filme sem um pingo de vontade, ali pelos meus 16 anos, só pra completar a série.  De toda forma, temos uma premissa que julgo inteligente, com ares de distopia religiosa, e com uma atmosfera até semelhante a dos filmes anteriores com o Myers. O caminho seguido aqui, entretanto, é diferente.  Enquanto nos dois primeiros filmes Michael Myers perseguia e matava sem dar tempo de se pensar em porques, independente da ladainh