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Mostrando postagens de abril, 2021

O Homem que Ri (Victor Hugo, 1869): um chamado à simplicidade

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Uma das qualidades que mais me “pegam” no pouco que conheço da obra do romancista francês Victor Hugo é sua capacidade de contar uma história nas mais diversas dimensões possíveis, literalmente lhe inserindo dentro da atmosfera psicológica (psicosfera rs) na qual a trama ocorre, resgatando muitas vezes, nuances passadas para “consolidar” mais ainda a ilusão. E quando falo de “atmosfera psicológica” aqui, não falo apenas dos personagens sobre os quais a trama se refere, mas a uma verdadeira “tour” que o autor promove pela história, geografia, sociologia e filosofia de um lugar, começando com uma visão muito geral e filtrando o olhar até chegar aos indivíduos sobre os quais se quer aprofundar. Com a atenção devida, você consegue virtualmente respirar esse ar tão específico. Em O Homem que Ri, lançado originalmente em abril de 1869, Victor Hugo tece suas críticas sociais, outra característica de sua literatura, através do, assim considerado, freak Gwynplaine. Filho da aristocracia inglesa

Trilogia do Apocalipse - John Carpenter

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A Trilogia do Apocalipse é uma trilogia incidental, talvez apenas percebida pelos apreciadores do realizador, cuja única ligação entre a trama dos três filmes é coincidência de os três tratarem de um apocalipse iminente - algo que, inclusive, nem é especificamente claro ao longo das histórias.  Assistindo pela primeira vez a filmografia do Carpenter, sem ordem cronológica, e revendo alguns filmes que já conhecia, é possível verificar que além do trabalho artesanal e econômico do capricorniano, há uma forte trama “social” por trás das histórias que compõe ou escolhe trabalhar. Nesses três filmes essa é essa preocupação que guia os protagonistas rumo a seu destino, e o tamanho das tarefas praticamente os obriga a um sacrifício do qual não podem desviar. A fatalidade se torna iminente e a única forma de TENTAR conter aquilo que não está no nosso controle é entregar tudo. Se trata do fim do mundo, de muitas maneiras. THE THING (1982) The Thing ou O Enigma do Outro Mundo é remake do clássic

Paranormal (2020): o bom e velho razão vs. emoção

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Esse cara da imagem é o Refaat Ismail, personagem principal da série Paranormal (Netflix). É um daqueles cientistas "engessados" aferrados à lógica e ao sentido imediato das coisas, que jogam pra "falta de sentido" qualquer reflexão mais profunda que se perceba fazendo sobre os porques da vida e da existência humana - como se eventos aleatórios tivessem que ser necessariamente desprovidos de significado (uma pegadinha filosófica que nos arvora de todo o valor e torna nossa vontade protagonista de algo que não é ou, de forma igualmente ruim, nos tira toda a noção de autovalor nos empurrando num vórtice coletivo de fracasso e submissão, transtornos psicológicos, indo bater na hieraquização social). Só que diferentemente daqueles que se recusam a conhecer - porque talvez seja cômodo - esse cientista vai ser confrontado pelo mistério. Daí parte uma trama simples, que é comum em vários filmes e outras séries, sobre o intelectual que tem que confrontar aquilo que não cons