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Mostrando postagens de agosto, 2021

Candyman (Bernard Rose, 1992): do sopro à existência ou como o apego nos mata lentamente

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Aproveitando o hype em torno da nova continuação do Candyman, ontem rolou de ver o original, e foi mais uma vez o tipo de caso em que me perguntei "por que não assisti isso antes?". Esse Candyman tá sempre relacionado nas listas de melhores slasher ou "filmes imperdíveis do gênero", e fui meio despretenciosamente até ele achando que nada mais nesse universo particular poderia me abalar, e, bem, não fui abalado, mas encontrei um filme muito bom, haha, bem acima da média! O Candyman é um fantasma tipo loura do banheiro só que com um gancho na mão (!!) que aparece pra quem repete o nome dele cinco vezes. É uma lenda urbana antiga (e estou lembrando aqui de Ringu e de Lenda Urbana), que retorna ao bate boca popular após um assassinato ocorrido num gueto e atribuído ao fantasma, e se torna objeto de interesse de duas pesquisadoras que querem comprovar algum "fenômeno" social para validar sua tese. Uma das pesquisadoras é a protagonista, interpretada pela atriz

Spontaneous Combustion (Tobe Hopper, 1990): Brad Douriff maravilhoso.

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Seguindo firme na filmografia do Tobe Hopper, chego à metade da lista, e dessa vez sou surpreendido com um thriller de ficção científica viajosa muito legal. O Combustão Espontânea veio numa época em que o diretor tava muito envolvido com televisão, e após os dois últimos trabalhos (o Texas Chainsaw Massacre 2 e o Invaders from Mars), fraquinhos se comparado a todos os anteriores, parece que Tobe quis retomar a velha forma. E acho que até conseguiu. Digo isso porque o Combustão Espontânea é um filme mais diferente - é um thriller, antes de mais nada, daqueles em que o protagonista precisa correr contra o tempo. No caso, o protagonista (Brad Douriff, muito massa) precisa correr pra descobrir verdades sobre sua vida antes que ele se "autoincedeie", coisa que vem acontecendo aos poucos durante todo o filme.  Na trama, o personagem do Brad Douriff é fruto de uma experiência científica que envolvia a tentativa de gerar a primeira "família nuclear", a família imune aos ra

Invaders from Mars e The Texas Chainsaw Massacre 2 (Tobe Hopper, 1986): datados mas ok.

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Seguindo firme, chego à metade da filmografia do Tobe Hopper, e aqui, um momneto diferente. A aproximação com a TV ficou mais evidente com os dois trabalhos que seguiram o médio/bom Lifeforce (1985). Não sei se foram aqueles anos de 1980, e a alta do consumo massivo de terror adolescente e o dinheiro que esse mercado gerava, ou se foi um período de falta de originalidade que levaram à esses dois trabalhos, mas o fato é que eles não acrescentam muito à filmografia de Hopper. São dois filmes lançados em um ano (1986), que requentam tramas antigas e sem nenhum pingo da força dos trabalhos anteriores.  Os anos 80 foram anos com características muito próprias (kk),e me parece que todo trabalho "sério" da "arte pop" que vinha sendo produzido até vinha seguindo uma tendência de "crescimento", ou desenvolvimento, desde o nascimento (quase consonante ao advento dessas primeiras tecnologias: rádio, cinema, tv, etc), seguindo o processo de nascimento (até os anos 50)

Poltergeist (Tobe Hopper, 1982): dramalhão de fantasma.

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Após o colorido dark de Funhouse, Tobe Hopper se envolve em um projeto que consegue ser ainda mais "família" do que Salem's Lot, e este talvez viesse a ser o maior sucesso comercial de sua carreira. Tudo por causa da "tutela" de Steven Spielberg, que atuou em Poltergeist como produtor e roteirista. Ainda, Spielberg estava em franca ascenção como realizador naquele momento de sua carreira, então foi uma colaboração que ofuscou definitivamente a participação de Tobe Hopper no projeto. Mas Hopper ainda estava lá. E pelo que acompanhei de sua filmografia até aqui, tratou-se de mais uma oportunidade para o realizador desenvolver algumas ideias que aos poucos vinham sendo trabalhadas em seus filmes. Se uma filosofia hippie se apresenta desde seu primeiro trabalho (Eggshells, 1969), e se reflete nos trabalhos seguintes com a presença tímida de um misticismo bicho grilo leve e superficial (Texas Chainsaw Massacre, Funhouse) como complemento anedótico em suas tramas, em

O Anjo da Noite (Walter Hugo Khouri, 1974): interessante, mas envelheceu mal.

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Fazendo um retrospecto (conhecendo, na verdade) nos primeiros experimentos de terror/suspense do cinema brasileiro esses dias, me deparei com esse O Anjo da Noite, que deve ser clássico, e deve ser cult, apesar de eu nunca ter ouvido falar sobre. O diretor é o Walter Hugo Khouri, realizador de filmografia extensa e propostas interessantes, pelo que percebi. Fiquei interessado em conferir outros títulos de sua obra, pois apesar da estranheza inicial que me causou essa primeira impressão, vi aqui muitas qualidades técnicas apesar da péssima qualidade do vídeo que encontrei (Vi no youtube). Falo de qualidade técnica porque a história não é lá das mais originais. Ou seria? Não sei, nem tenho como afirmar, pois não sei se houve algo do gênero antes no Brasil. A história de uma moça que vai trabalhar como babá numa casa isolada e começa a sofrer as pressões do isolamento, alimentadas por telefonemas ameaçadores não é lá algo muito original. Poderia ser uma mistura de The Turn of the Screw (A

Funhouse (Tobe Hopper, 1981): pitoresco, atmosférico, sinistro, e cheio de referências.

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Após a adaptação do "familiar" Salem's Lot, Tobe Hopper parte para mais uma ideia original, ou nem tanto, mas mais uma vez, oferecendo um terror sério e "funcional", e ainda que não consiga repetir a sensação de angústia proporcionada pelos perfeitos Texas Chainsaw Massacre e Eaten Alive, Funhouse consegue ser contagiante de outra forma. Eu não sou capaz de fazer um retrospecto sobre quantas obras do cinema abordaram o tema "parques de diversão macabro" até ali. De cabeça, me vem o Freaks (1932), e o Carnival of Souls (Parque Macabro, 1962). Ambos os filmes oferecem o terror de formas diferentes. O primeiro, pelo grotesco - e que hoje, além de não assustar, poderia ser referido como um terror "social", e o segundo, pela condução que privilegia o suspense atmosférico e psicológico. Funhouse talvez alinhe um pouco da proposta de Freaks com o cinema slasher, que chegava ao ápice (e já começava a decair) da criatividade quando foi lançado, em 198

Cronicamente Inviável (Sérgio Bianchi, 2000): o que tá explícito não precisa ser analisado. ou precisa?

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No começo da década de 1990,o cineasta Robert Altman lançou um filme chamado Short Cuts, muito lembrado e destacado em sua filmografia,  não apenas por seu alto teor crítico, a “crítica social foda” rsss mas também pelo elenco, hoje, estelar! A obra conta uma série de micro histórias, relatos cotidianos de uns dez personagens específicos que eventualmente se cruzam na trama. O resultado é uma teia de relações de classe escondida sob o véu da normalidade cotidiana. Em 2000, o diretor brasileiro Sérgio Bianchi partiu de uma premissa semelhante a fim de contar "um pouco" da realidade social brasileira. Antes de buscar criar situações e ambientes metafóricos a fim de propor uma reflexão sobre o assunto, o realizador opta por apenas mosrar situações reais, conversas reais, cenas reais e cotidianas de todo o Brasil. À maneira do Altman, Biachi tentou narrar as diversas nuances da realidade por meio de diversos personagens, cruzando histórias a fim de criar uma grande rede. O foco,

Shock (Jair Correia, 1984): ponto fora da curva.

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Outra grata surpresa desses dias, o filme Shock me deixou chocado (dã) por diversos motivos, e o fato de se tratar de um slasher nacional nem foi o mais curioso deles. Logo que soube desse filme, fui dar uma pesquisada no nome "Jair Correia", o mestre por trás dessa realização, e descobri um publicitário, com poucos trabalhos na área do cinema, sendo Shock sua última produção. O filme poderia ter sido um exercício vanguardista caso o cinema nacional mantivesse a aposta no tema. Não o fez, e não sei se isso é bom ou ruim. O fato é que Shock é um filme muito superior à maioria dos slashers norte americanos - inclusive superior a alguns clássicos do gênero. Mas também não ouso dizer que essa comparação seja exatamente justa. Talvez numa comparação ao gênero giallo percebamos mais semelhanças, e mesmo assim nosso Shock se sobressai, para melhor. Ainda assim, o filme não vai muito na contramão dos enredos típicos do gênero. Pelo contrário: usa-os de forma muito inteligente e coer