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Mostrando postagens de julho, 2020

April Wine - April Wine (1971)

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Andando aqui pelas playlists acabei tropeçando sem querer na estreia do April Wine, de 1971. Àquela altura, tratava-se de mais um grupo canadense de hard rock. Apesar de artistas e bandas canadenses terem certo respaldo em termos de qualidade, quando se comparados aos estadunidenses, talvez tenha sido difícil para a turma do April Wine se destacar lançando seu trabalho de estreia num ano onde as bandas expoentes do estilo que eles se propunham levantar a bandeira estavam lançando seus melhores e maiores trabalhos.  Por isso o álbum April Wine soe "menor" num primeiro instante, e ele é, vamos combinar, se compararmos aos grandes daquele ano como Zeppelin, Sabbath e Deep Purple, e numa esteira onde estava sendo lançado um álbum atrás do outro por quase todas as bandas que estavam lançando discos.  Mas menor não quer dizer ruim, e pra mim foi uma grata surpresa me deparar com essa estreia, mesmo sabendo que o auge da banda só viria dez anos depois. Em April Wine, a

A Negra de... (La Noire de..., 1966)

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Esse é um daqueles filmes que nos deixa reflexivos. O tema poderia não ser tão atual. Poderia ser uma realidade distante, do passado. Poderia ser, ainda, uma viagem muito localizada, regional. Mas não é nada disso. A força desse filme não está em apenas em sua atualidade e onipresença no mundo. Para além de um retrato frio tanto da putrefação espiritual dos algozes quanto das feridas na alma de suas vítimas, o filme do senegalês Ousmane Sembène traz algo mais.  Apesar do aspecto social do filme ser gritante, o diretor não deixa de mostrar a ação a partir de uma perspectiva muito individual, pessoal, por parte da protagonista Diouana. Ela, enquanto mulher  jovem e sonhadora, em nenhum momento parece questionar as razões maiores para o que vivencia em sua primeira viagem para o estrangeiro, providenciada pelos seus patrões. O filme acompanha toda a viagem da protagonista, da busca por emprego, à contratação como babá, a descoberta do amor,  à mudança com a família que a contr

As Lágrimas Amargas de Petra von Kant (Die bitteren Tränen der Petra von Kant, 1972)

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Petra von Kant é feita de carne. Não se engana quem a ver como essa mulher altiva e independente, que enfrentou o marido para viver sua verdade, e construir seu sucesso profissional e financeiro. Que banca a mãe e a filha e gere uma carreira de sucesso. Que é reconhecida, tem admiradores, e até uma escrava pessoal, que a admira pela persona construiu, e não pela sua humanidade. Petra é tudo isso e mais. Ela é fascinante. Quase hipnótica em sua manifestação. Detalhista. Reconhece o valor de seu próprio esforço, e não deseja menos do que sabe que merece.  Mas Petra vai além. É gente como a gente, e quando se apaixona, falha miseravelmente. Ela tem alma. Ou melhor, ela constroi sua alma. Aperfeiçoa. Modifica. Vivencia intensamente as próprias experiências, principalmente as dúvidas e tristezas, sorvendo até a última gota de cada uma delas. Racionaliza, observa os detalhes. Lapida as arestas dos sentimentos, pois intuitivamente sabe que caminho da salvação é o amor. O amor que não