A Autópsia (André Øvredal, 2016): o corpo fala.


Esse filme foi uma das boas surpresas desses dias. Confesso que ainda não vi outros filmes do diretor André Øvredal, mas a julgar pelas interessantes sinopses de outros itens de sua filmografia, parece ser alguém cujo trabalho merece atenção. Esse A Autópsia foi justamente um desses casos em que fui atraído pela curiosa sinopse e suas inúmeras possibilidades, e não me decepcionei.

A Autópsia conta a história de uma dupla de legistas, pai e filho, que recebem um corpo de uma mulher coletado em uma cena de crime aparentemente inexplicável. O corpo da mulher também é inexplicável. Não se relaciona com a cena do crime, e ao mesmo tempo não indica nenhuma causa mortis evidente. A dupla de legistas então inicia uma investigação para descobrir o que houve com aquela desconhecida.

O que poderia descambar num body horror típico, segue, então, outro caminho, partindo para um interessante trabalho de investigação médica com muitas surpresas e reviravoltas, twists mais amplos do que somos capazes de supor, e diferentemente do que acontece nos filmes em geral, tais reviravoltas não são forçadas e acabam por se mostrar ótimas surpresas, principalmente para os fãs de horror, investigação e mistérios em geral.


Um aspecto notável nessa produção é a simplicidade com que a trama é desenvolvida. A maior parte da história se passa em um único cenário, com apenas dois personagens em intenso trabalho mental a fim de descobrir o que aconteceu com a tal Jane Doe. O roteiro acerta em muitos pontos se utilizando de alguns clichês, como trovões e quedas de energia nos momentos corretos, para criar a atmosfera sinistra que aos poucos transforma essa autópsia de história de mistério num autêntico terror.

Outro aspecto que me deixou fascinado foi observar o trabalho dos legistas, que como verdadeiros detetives que são, captam todas as mensagens impressas no corpo de Jane Doe, que se apresentam das mais variadas formas, seja por meio de arranhões, torções, ossos quebrados, e análise de tecidos. O corpo fala em vida, o corpo fala na morte, e as mensagens e informações estão todas disponíveis para quem souber ler. 

O diretor conduz muito bem a investigação realizada pelos dois legistas, adicionando elementos imprevisíveis a todo instante, e se utilizando muito bem desses elementos para construir uma narrativa que, aos poucos, começa a ultrapassar as barreiras do natural. A Autópsia é o tipo de filme que não cabe falar muito, pois qualquer informação a mais pode ser um spoiler e estragar a experiência, e acompanhar junto com os médicos o desenrolar imprevisível dos acontecimentos é uma das grandes diversões desse longa. Ele tá disponível na plataforma Darkflix.

Nota: 4,2/5



A Autópsia

Original: The Autopsy of Jane Doe
Ano: 2016
País: UK
Direção: André Øvredal
Roteiro: Ian B. Goldberg, Richard Naing
Produção: Rory Aitken, Fred Berger, Eric Garcia, Ben Pugh
Elenco: Emile Hirsch, Brian Cox, Ophelia Lovibond, Michael McElhatton, Olwen Catherine Kelly, Parker Sawyers, Jane Perry


TRAILER

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