Alice Cooper - Pretties for You (1969): algumas lindezas pra nós.


Em 1969, em meio ao bombardeio de novas bandas debutando e o hard rock setentista ascendendo e tomando lugar da moda musical psicodélica na cultura pop, foi lançado o Pretties for You, estreia do extravagante Alice Cooper group, banda liderada pelo também extravagante Alice Cooper, codinome do sensacional Vincent Furnier. 

Pretties for You é um trabalho interessante, bem diferente e até distante musicalmente da estética que tornaria o Alice Cooper conhecido na década seguinte. Aqui, o hard rock criativo e estiloso que marcou o estrelato do grupo ainda estava em fase de desenvolvimento. A banda ainda procurava sua própria personalidade, então muitas das “lindezas” compiladas pra nós nesse álbum ainda são marcadas por muitos sons que faziam a cabeça da juventude até 1969. 

É possível ouvir ecos sérios de Pink Floyd aqui, e de Country Joe & The Fish ali, Frank Zappa por toda parte, e além. Na verdade, a influência de Frank Zappa e do rock psicodélico de então parece o tempo todo querer atropelar a direção musical da banda, com todas as músicas ali sendo ótimas vitrines de possíveis jams que poderiam ser feitas ao vivo, bem à moda das bandas da época. Mas não sei se era pra tanto. 

As composições, todas autorais, são relativamente curtas, variando entre um e cinco minutos. Quando você ouve com a mente distraída, tudo parece até uma grande única música (eu até li em algum lugar alguém da época falando que todas as músicas parecem ter sido extraídas - ou de fato foram - de uma longa sessão de improviso tendo por base a música Levity Ball, mas não sei até onde isso é lenda. Ainda assim, é possível fazer alguns destaques. 

O lado B é todo interessante e vai mais na direção do que estamos acostumados do Alice. Uma curiosidade divertida é o single Reflected, uma primeira versão, mais crua, da música Elected, que sairia posteriormente no Billion Dollars Babies. Mas não só ela: Earwigs to Eternity, No Longer Umpire, a tal Levity Ball, Apple Bush, todas são bons rocks cabendo facilmente numa playlist de rocks aleatórios dos sixties. 

Já no lado A, algumas músicas introduzem outras e tudo se mistura, dando a sensação de ser tudo uma grande única música como eu mencionei antes. A pegada Zappa é mais forte nessa primeira parte. O destaque aqui vai pra boazuda Fields of Regrets, com muitos solos instrumentais, improvisos, ecos de Pink Floyd em muitos momentos, mas mais pesado e sujo. Essa pega pela levada rocker chapada que não deve em nada aos bons rocks da época, podendo garantir bons momentos heavy metal nas apresentações ao vivo. Sing Low, Sweet Cherio também tem pegada e as harmonias de Living lembram o The Who de 1966/1967.

Apesar da personalidade ainda em fase de definição, é importante salientar que a banda já era o que é ao vivo desde essa época. Talvez um pouco mais ensandecidos, algo desorganizados, mas o punch teatral já se fazia presente e de forma muito heavy metal, com as apresentações se tornando uma grande confusão (vou deixar um vídeo aqui de 1969 pra registro rssss). No futuro, as coisas se organizam, a bagunça teatralesca toma requintes "glam", o som se "enquadra", e o sucesso vem. Engraçado, isso me fez pensar sobre a necessidade de organização pra alçar voos mais altos. O limite que catapulta para a liberdade. Mas o desenrolar desse pensamento vai pro meu diário. Teh mais.


Tracklist
1. Titanic Overture
2. 10 Minutes Before the Worm
3. Sing Low, Sweet Cheerio
4. Today Mueller
5. Living
6. Fields of Regret
7. No Longer Umpire
8. Levity Ball
9. B. B. on Mars
10. Reflected
11. Apple Bush
12. Earwigs of Eternity
13. Changing Arranging


Alice Cooper Band Alice Cooper – lead vocals, harmonica Glen Buxton – lead guitar Michael Bruce – rhythm guitar, backing vocals and co-lead (3) vocals, keyboards Dennis Dunaway – bass guitar, backing vocals Neal Smith – drums, backing vocals





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