Linda Ronstadt - Heart Like a Wheel (1974): "motivador".

Essa semana, assistindo pela primeira vez o “false oriented” O Segredo do Abismo, do ~ profundo ~ James Cameron (profundo mesmo, Sol em conjunção com Plutão), me deparei com uma cena muito bonita. Um grupo de mergulhadores ou engenheiros, enfim, numa plataforma submarina, alguns na “ponte”, outros comandando máquinas no lado externo, há várias centenas de metros oceano profundo adentro (ou abaixo), cantarolando: 


“Driven every kind of rig that's ever been made

Driven the backroads so I wouldn't get weighed

And if you give me weed, whites and wine

And you show me a sign

And I'll be willin' to be movin'”



Uma cena que certamente carrega alguma beleza, sutil (certamente, me ~ motivou ~ a escrever algo pra esse blog depois de tantos meses), e que dá aquele “quentinho no coração”, principalmente se você é fã dessa que talvez seja a canção mais marcante do Lowell George, fundador da banda de southern, Little Feat. A música em questão, Willin’, é um destaque da banda original, mas ganhou novo corpo na interpretação de Linda Ronstadt - e o que não ganha novo corpo na voz dela né?!

Willin’ foi lançada no último disco de Linda pela Capitol Records, e seu quinto trabalho de estúdio, Heart Like a Wheel, título que entrega bem o espírito de Linda nesse período enquanto artista: resgatando os clássicos, reverenciando suas inspirações, e dando nova forma e sentido ao tradicional, tal qual a juventude country-hippie dos late 60s/early 70s vinha fazendo com igual propriedade.

Difícil falar mais alguma coisa desse disco. Ele segue a linha uniforme que Linda vinha fazendo desde seu primeiro álbum solo, sempre nessa linha de reverenciar os clássicos, as vezes acentuando no country-rock, as vezes não, mas já apontando a tendência de se tornar uma Emmylou Harris mais “moderna”, eu diria - padrão que ela quebraria algumas vezes mais a frente.




Sua interpretação para Willin’ se sobressai no disco, ainda que não ofusque outros bons momentos, como a melosa (no bom sentido) I Can’t Help It, em que divide os vocais com a própria Emmylou Harris; o balanço de You’re No Good, de Clint Ballard Jr e que foi primeiramente interpretada por Dee Dee Warwick (irmã de quem? Da Dionne Warwick); Dark End of the Streets, gravada primeiro por James Carr, mas também que chegou no circuito via Flying Burrito Brothers; e When I Will Be Loved, dos fofinhos Everly Brothers.

Fica a dica de um bom disco, que mesmo cheio de versões de outros artistas e um ou outro momento mais country “piegas”, é carregado de espírito.



Músicas

1. You're No Good

2. It Doesn't Matter Anymore

3. Faithless Love

4. The Dark End of The Street

5. Heart Like a Wheel

6. Willin'

7. I Can't Help It (If I'm Still in Love With You)

8. Kee Me from Blowing Away

9. You Can Close Your Eyes




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