Navio Fantasma (Steve Beck, 2002): Antonio Grazza mais atraente a cada ano.


Quando Navio Fantasma foi lançado em 2002, lembro que fui assisti-lo no cinema e, por conta da faixa etária, não pude entrar. Acabei assistindo O Chamado, também em cartaz, e que considerei uma ótima surpresa naquele momento. Meses depois, logo que chegou às locadoras, aluguei o tal filme e confesso que fiquei meio decepcionado. Talvez não achei que a trama correspondeu às minhas expectativas, que eu também confesso não lembrar bem quais eram.

Acabei de rever esse que hoje vou chamar de clássico, porque, putz, como envelheceu bem! Bom, não é que a trama guarde algo de vanguarda que não foi compreendido na época - Navio Fantasma, na verdade, repete uma fórmula batidíssima, já experimentada diversas vezes nos clássicos das décadas de 1950 e 1960. A produtora Dark Castle, responsável pelo filme, foi criada com o intuito de repetir essa vibe, com suas primeiras produções sendo, inclusive, remakes de “standards” como Casa dos Maus Espíritos, 13 Fantasmas e outros. Mas enfim…

Na história, acompanhamos um grupo de rebocadores de embarcações à deriva, que após um trabalho bem sucedido, são surpreendidos por um rapaz, oferecendo um serviço: um navio de dimensões colossais, que surgiu no mar de Bering. Não se sabe a procedência, de onde veio, pra onde vai. Prevendo poder abocanhar o navio e repartir o que nele encontrassem, a trupe parte em busca dessa misteriosa embarcação, que descobrem ser o desaparecido navio italiano Antonio Grazza, e que, como vão descobrir, guarda o pior da humanidade em sua grandiosa extensão.

Desde que vi a primeira vez, nunca esqueci do impacto que a cena inicial me causou e causa em todo mundo que assiste - é algo que sempre se comenta quando se fala em Navio Fantasma. Mas o filme guarda outras boas sequências que eu não lembrava, e que dão corpo a história de ganância que a trama tenta contar por baixo de seus artifícios fantasmagóricos. 

Da parte técnica da produção, da pra destacar a cenografia, que apesar de não explorar o navio como poderia, faz perceber o impacto do colosso a partir das panorâmicas bem feitas e da caracterização de seu interior, enferrujado, caindo aos pedaços, denunciando sua antiguidade. Os efeitos visuais também estão entre os pontos altos, principalmente nas partes mais violentas, que podem ser do agrado dos que curtem coisas mais gráficas. Os efeitos mais práticos também cumprem bem seu papel.

Uma coisa legal a se mencionar é a referência direta que se faz ao caso do Mary Celeste, uma galé norte-americana que, numa viagem entre Nova York e Nápoles, foi encontrada à deriva em 1872, na região dos Açores, com suprimentos, boas condições de navegabilidade, inclusive os pertences da tripulação, tudo intacto. Sobre os navegantes, no entanto, nunca mais se ouviu falar. 

Acho que pra qualquer fã de mistério, seria uma aventura e tanto visitar um navio abandonado à deriva, e imaginar suas histórias, e possíveis eventos cabulosos que atravessam sua memória. Navio Fantasma consegue nos propiciar essa divertida experiência, e assim como as instalações do Antonio Grazza, parece ficar mais atraente à medida que envelhece.


Título Original: Ghost Ship

Ano: 2002

País: Estados Unidos, Austrália

Direção: Steve Beck

Roteiro: Mark Hanlon

Elenco: Desmond Harrington, Gabriel Byrne, Julianna Margulies, Ron Eldard

Onde encontrar: HBO Max, Torrent.


TRAILER


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