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Medo em Cherry Falls (Geoffrey Wright, 2000): muito sensual, e melhor do que parece.

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Que coisa inusitada de se conceber: um slasher adolescente, amplamente amparado nas ondas propagadas por Pânico (1996), que não só ironiza a regra típica do gênero, como a subverte, ainda mais que sua principal inspiração. Que tipo de possibilidades teríamos numa trama slasher onde, ao contrário do que temos nos clássicos, os virgens são os alvos do assassino misterioso, e a única possibilidade de salvação parece ser reverter esse quadro o quanto antes? Uma imagem caótica se forma na minha mente quando paro  pra pensar nas possibilidades, e é exatamente isso que o hoje saudoso Medo em Cherry Falls nos entrega. Ainda lembro da época de seu lançamento e de quando a “fita” chegou nas locadoras, ali por volta de 2001. Medo em Cherry Falls era mais um filme lançado na onda de horror teen que tomou a virada dos anos 90 para os anos 2000, e se perdeu entre tantos nomes maiores (que se revelaram menores no teste do tempo) e sequencias mais esperadas. Nem aos cinemas chegou interinamente, send

Navio Fantasma (Steve Beck, 2002): Antonio Grazza mais atraente a cada ano.

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Quando Navio Fantasma foi lançado em 2002, lembro que fui assisti-lo no cinema e, por conta da faixa etária, não pude entrar. Acabei assistindo O Chamado, também em cartaz, e que considerei uma ótima surpresa naquele momento. Meses depois, logo que chegou às locadoras, aluguei o tal filme e confesso que fiquei meio decepcionado. Talvez não achei que a trama correspondeu às minhas expectativas, que eu também confesso não lembrar bem quais eram. Acabei de rever esse que hoje vou chamar de clássico, porque, putz, como envelheceu bem! Bom, não é que a trama guarde algo de vanguarda que não foi compreendido na época - Navio Fantasma, na verdade, repete uma fórmula batidíssima, já experimentada diversas vezes nos clássicos das décadas de 1950 e 1960. A produtora Dark Castle, responsável pelo filme, foi criada com o intuito de repetir essa vibe, com suas primeiras produções sendo, inclusive, remakes de “standards” como Casa dos Maus Espíritos, 13 Fantasmas e outros. Mas enfim… Na história, ac

Linda Ronstadt - Heart Like a Wheel (1974): "motivador".

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Essa semana, assistindo pela primeira vez o “ false oriented ” O Segredo do Abismo, do ~ profundo ~ James Cameron (profundo mesmo, Sol em conjunção com Plutão), me deparei com uma cena muito bonita. Um grupo de mergulhadores ou engenheiros, enfim, numa plataforma submarina, alguns na “ponte”, outros comandando máquinas no lado externo, há várias centenas de metros oceano profundo adentro (ou abaixo), cantarolando:  “Driven every kind of rig that's ever been made Driven the backroads so I wouldn't get weighed And if you give me weed, whites and wine And you show me a sign And I'll be willin' to be movin'” Uma cena que certamente carrega alguma beleza, sutil (certamente, me ~ motivou ~ a escrever algo pra esse blog depois de tantos meses), e que dá aquele “quentinho no coração”, principalmente se você é fã dessa que talvez seja a canção mais marcante do Lowell George, fundador da banda de southern, Little Feat. A música em questão, Willin’, é um destaque da banda orig

Alice Cooper - Pretties for You (1969): algumas lindezas pra nós.

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Em 1969, em meio ao bombardeio de novas bandas debutando e o hard rock setentista ascendendo e tomando lugar da moda musical psicodélica na cultura pop, foi lançado o Pretties for You, estreia do extravagante Alice Cooper group, banda liderada pelo também extravagante Alice Cooper, codinome do sensacional Vincent Furnier.  Pretties for You é um trabalho interessante, bem diferente e até distante musicalmente da estética que tornaria o Alice Cooper conhecido na década seguinte. Aqui, o hard rock criativo e estiloso que marcou o estrelato do grupo ainda estava em fase de desenvolvimento. A banda ainda procurava sua própria personalidade, então muitas das “lindezas” compiladas pra nós nesse álbum ainda são marcadas por muitos sons que faziam a cabeça da juventude até 1969.  É possível ouvir ecos sérios de Pink Floyd aqui, e de Country Joe & The Fish ali, Frank Zappa por toda parte, e além. Na verdade, a influência de Frank Zappa e do rock psicodélico de então parece o tempo todo quere

KISS - Love Gun (1977): ápice!

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Ontem eu me peguei ouvindo aquela trinca maravilhosa de albuns do Kiss lançado ali na metade da década de 1970: Destroyer, Rock n’ Roll Over e Love Gun. Parece ser uma unanimidade entre críticos e fãs que esses foram os discos que melhor capturaram a essência da banda naquele momento. O Kiss não começou como uma megabanda, apesar da imagem forte, e até chegar nesse momento, algo como o topo do mundo do rock n’ roll, houve muita batalha. Do seu primeiro álbum, de 1974, até Love Gun, sexto trabalho inédito da banda, lançado em 1977, houve um crescendo em qualidade, com a banda finalmente desenvolvendo um som puro e totalmente seu, espontâneo e contagiante, sem deixar peso e qualidade de lado. Esse “ápice profissional” foi justamente Love Gun, que fechou a trinca junto com os dois álbuns anteriores responsáveis por catapultar o Kiss para o estrelato. “Espontaneidade”, inclusive, é a palavra que melhor achei para definir o Love Gun, objeto desse texto. Produzido por Eddie Kramer, que traba

Rubber - O Pneu Assassino: "no reason, no reason..."

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Para primeiro view de 2023, fiz uma escolha que pensei que seria divertida, mas que saiu um pouco mais excêntrica do que o esperado. Rubber, o Pneu Assassino (??!?!?!) poderia ser um daqueles charmosos filmes trashs da década de 1990, e certamente seus realizadores acharam que ele ocuparia essa “prateleira”, visto que a estética e fotografia propositalmente remetem a isso. Mas há algo… sei lá, difícil de explicar. Rubber, um filme francês, na verdade, e tem uma história peculiar, para não dizer única, que aposta no nonsense tendo a comédia de terror como base. Apesar de termos cabeças explodindo aos montes, não podemos esperar aqui arcos criativos que bons filmes trash costumam ter. Tudo é meio sem lógica, e com o argumento (fraco) de que nos melhores filmes produzidos os enredos não tem razão de ser, Rubber, o pneu, se ergue, se desenvolve, se equilibra e guia esse festival de bizarrice de pouco mais de uma hora de duração. Não que o filme não tenha bons momentos. É delicioso ver Rubb

A Autópsia (André Øvredal, 2016): o corpo fala.

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Esse filme foi uma das boas surpresas desses dias. Confesso que ainda não vi outros filmes do diretor André Øvredal, mas a julgar pelas interessantes sinopses de outros itens de sua filmografia, parece ser alguém cujo trabalho merece atenção. Esse A Autópsia foi justamente um desses casos em que fui atraído pela curiosa sinopse e suas inúmeras possibilidades, e não me decepcionei. A Autópsia conta a história de uma dupla de legistas, pai e filho, que recebem um corpo de uma mulher coletado em uma cena de crime aparentemente inexplicável. O corpo da mulher também é inexplicável. Não se relaciona com a cena do crime, e ao mesmo tempo não indica nenhuma causa mortis evidente. A dupla de legistas então inicia uma investigação para descobrir o que houve com aquela desconhecida. O que poderia descambar num body horror típico, segue, então, outro caminho, partindo para um interessante trabalho de investigação médica com muitas surpresas e reviravoltas, twists mais amplos do que somos capazes